terça-feira, 30 de novembro de 2010


Dilatações(Midríase) e contrações (Miose) da pupila indicam mudanças de humor.

Quando olhamos um rosto humano de perto ficamos atentos a muitos detalhes expressivos – as linhas da testa, a largura dos olhos, a curva dos lábios, a saliência do queixo. Estes elementos combinam para nos apresentar com a expressão facial total que usamos para interpretar o humor do nosso companheiro. Mas todos nós sabemos que não podemos ‘vestir uma cara alegre’ ou deliberadamente adotar uma cara triste se não nos sentirmos felizes ou tristes. Rostos mentem, e às vezes podem mentir tão bem que fica difícil ler as emoções verdadeiras de seus donos. Mas existe pelo menos um sinal facial que não é facilmente ‘vestido’. É um sinal pequeno, um tanto quanto sutil, mas de especial interesse porque fala a verdade. Ele vem das pupilas e tem a ver com os seus tamanhos em relação à quantidade de luz que cai sobre elas.

As pupilas humanas aparecem como dois pontos pretos nos centros das íris coloridas e é do conhecimento comum que estes pontos são aberturas que variam em tamanho conforme a mudança de luz. Sob o sol forte elas se reduzem ao tamanho da cabeça de um alfinete – aproximadamente 2 mm de largura – e na medida em que cai o entardecer, elas aumentam para aproximadamente quatro vezes o diâmetro sob sol forte. Mas não é apenas a luz que afeta as pupilas. Elas também são afetadas por mudanças emocionais. E é em função das mudanças emocionais poderem notadamente alterar o tamanho das pupilas quando a luz permanece constante que a mudança no tamanho da pupila opera como um sinal do humor. Quando vemos algo que nos excita, seja com antecipação prazerosa ou com temor, nossas pupilas se expandem mais do que o usual dentro das condições de iluminação existentes. Estas mudanças normalmente ocorrem sem o nosso conhecimento e, uma vez que se encontram fora do nosso controle, elas formam um guia valioso para os nossos sentimentos verdadeiros.

Mas os sinais das pupilas não são apenas emitidos inconscientemente, como também são recebidos inconscientemente. Dois companheiros sentirão excitação emocional adicional se suas pupilas estiverem dilatando, ou morosidade emocional adicional se suas pupilas estiverem contraindo, mas eles não farão uma relação entre estes sentimentos com os sinais de pupila que estão transmitindo. É uma troca ‘secreta’ de sinais operando abaixo do nível de comportamentos simulados e de expressões adotadas

Muita pesquisa tem sido feita nos últimos quinze anos para tentar descobrir como estes sinais das pupilas funcionam. O teste básico de laboratório tem sido de mostrar às pessoas fotografias emocionalmente estimulantes e, ao mesmo tempo, registrar mudanças em suas pupilas com o uso de aparelhos sensíveis. Toma-se muito cuidado para garantir que não haja mudanças na intensidade da luz que cai sobre os olhos do sujeito, a fim de que os experimentadores possam ter certeza de que quaisquer dilatações ou contrações na pupila sejam devidas unicamente ao impacto visual das fotografias mostradas.

Uma das primeiras experiências envolvia mostrar fotografias de bebês humanos a homens e mulheres solteiras, casais que ainda não tinham filhos e casais que já os tinham. As mulheres demonstravam dilatação forte nas pupilas, independente de serem solteiras, casadas, sem filhos ou mães. Os homens, em contraste, demonstravam contração se fossem solteiros ou casados e sem filhos, mas demonstravam dilatação forte se já fossem pais. Em outras palavras, o macho humano sem filhos que bajula o bebê recém nascido de outra pessoa está, provavelmente, sendo meramente educado, mas a fêmea é sincera. É apenas a partir do momento em que tem o seu próprio bebê que o macho começa a responder com simpatia verdadeira aos filhos de outras pessoas.

Em outra experiência, pediu-se aos sujeitos que mencionassem as suas preferências em termos de pratos, sendo que em seguida lhes foram mostradas fotografias dos pratos em questão, enquanto as reações de suas pupilas eram monitoradas. A maioria das pessoas neste teste revelou uma combinação perfeita entre o alegado e a resposta das pupilas. Quanto mais falavam que preferiam dado prato, mais suas pupilas se expandiam ao verem a fotografia do prato. Mas alguns indivíduos mostraram uma combinação pobre, o que surpreendeu considerando-se a natureza inócua da experiência. Quem mentiria sobre preferências alimentares? A resposta veio quando mais perguntas foram colocadas – quase todos os participantes estavam sendo submetidos a regimes rigorosos, mas secretamente (em alguns casos, secretamente até para eles mesmos) ainda sentiam muita vontade de comer alimentos agora proibidos. Suas preferências racionais não eram compatíveis com suas preferências não racionais.

Uma inconsistência similar foi exposta quando uma série de fotografias de mulheres diferentes foi mostrada para sujeitos participando de uma experiência. Entre elas, fotografias de mulheres muito atraentes e a pintura da mãe de Whistler. Desnecessário dizer que a senhora idosa foi altamente cotada quando opiniões verbais eram pedidas aos sujeitos, mas seus índices ruíam dramaticamente nas cotações quando as dilatações e contrações das pupilas eram analisadas.

Por mais intrigantes que estas experiências possam ser, elas nos dizem apenas aquilo que pode ser descoberto no laboratório, com o uso de aparelhos para mensurar a mudança de tamanho nas pupilas. Antes que possamos, de forma justificada, chamar a estas reações da pupila de Sinais da Pupila, devemos provar que elas são realmente detectadas pelas pessoas nos contatos sociais comuns do dia-a-dia, usando nada além dos seus próprios olhos, e que estas mudanças emocionais da pupila estão realmente sendo utilizadas como uma ferramenta de comunicação social. Uma maneira simples de demonstrar isto é mostrando para uma audiência grande, dois pôsteres de uma jovem atraente, idênticos em todos os aspectos, exceto que em um dos pôsteres a jovem está com as pupilas normais, e no outro ela tem as suas pupilas artificialmente dilatadas com um efeito de pintura. Como esta única diferença, e com a audiência sem saber o que foi feito, é solicitado aos homens que escolham qual das jovens eles gostam mais.

Apenas alguns braços se levantaram para a jovem ‘A’, mas quando foram solicitados os votos para a jovem ‘B’ (com as pupilas retocadas), uma quantidade enorme de mãos se levantou. Normalmente a audiência dá risadas quando isto acontece, porque eles ainda não sabem por que quase todos os homens estão escolhendo a mesma jovem. Eles sabem que se trata de um truque, mas não sabem do que se trata. A resposta dos homens foi em relação à jovem que foi ‘evidentemente’ estimulada por suas presenças, porque ela estava dilatando as pupilas para eles. Ela estava excitada pelo que ela viu, expandiu suas pupilas, tornando-se, consequentemente, mais atraente.

Este é um dos motivos pelos quais casais apaixonados passam tanto tempo se olhando nos olhos. Eles estão inconscientemente checando a dilatação nas pupilas um do outro. Quanto mais a pupila dela expande com excitação emocional, mais a dele expande também e vice versa.

Uma experiência testou as reações nas pupilas de ‘Don Juans’ confessos – homens que gostavam de conquistar uma jovem sexualmente e depois passar para outra, nunca formando um relacionamento longo e duradouro com qualquer jovem. Estes machos, quando testados, não mostraram a dilatação nas pupilas normal quando viam fotografias de jovens atraentes. Eles mostravam maior resposta a jovens com pupilas contraídas. Em outras palavras, eles preferiam jovens sem envolvimento sentimental a jovens com envolvimento sentimental. Demonstravam cautela em relação a jovens que poderiam vir a ser pegajosas e, portanto, complicar o seu estilo de vida de ‘Don Juan’.

Como em todos os exemplos mencionadas os sujeitos das experiências estavam inconscientes quanto àquilo que estava acontecendo, fosse em relação às suas próprias pupilas ou às de seus companheiros, e é provável que estejamos lidando com o mesmo tipo de resposta inata da espécie humana. Esta idéia é reforçada por testes executados com pontos de olhos, ao invés de olhos verdadeiros. Um círculo com um ponto interno pode ser desenhado numa folha de papel e mostrado para uma pessoa cujas reações estejam sendo registradas. Um círculo único com um ponto, ou um trio – isto é, três círculos, cada um com um ponto interno, comprovam ser sinais menos efetivos do que um par de olhos. Além disso, com o par de olhos-ponto, o sujeito responde mais quando os pontos dentro dos círculos são ampliados, mas não ocorre este tipo de resposta quando dilatações similares ocorrem no ponto único ou no trio. Aparentemente, um par de círculos com pontos dentro deles tem algum significado especial para o homem animal, fazendo-o reagir de uma maneira que ele não pode controlar, não pode aprender nem desaprender, e lhe é inconsciente quando acontece. Não é de se surpreender, portanto, que bebês humanos tenham pupilas maiores que os adultos, pois os bebês não precisam reunir todo o apelo possível para garantir que estimulem as respostas de amor e carinho mais fortes possíveis de seus pais. Qualquer sinal inato que possam emitir que os torne inevitavelmente mais amados obviamente aumentará as suas chances de sobrevivência – e o aumento nas pupilas parece ser exatamente o sinal.
Finalmente, vale registrar que apesar do fato de pesquisas sérias sobre os Sinais das Pupilas só terem sido executadas nas ultimas duas décadas, o sinal foi manipulado conscientemente em tempos mais remotos. Há centenas de anos, os cortesãos da Itália utilizavam uma droga feita com uma planta chamada Sombra Noturna Mortífera que era pingada em seus olhos fazendo com que suas pupilas dilatassem. Diziam que isto os tornava mais belos, portanto a droga era chamada de ‘Belladonna’, que literalmente significa ‘bela mulher’. Um exemplo posterior vem com os comerciantes de jade da China pré-revolucionária, que usavam óculos escuros propositadamente para esconder suas pupilas dilatadas pela excitação quando lhes era entregue uma mostra especialmente valiosa de jade. Antes que este procedimento fosse adotado, as dilatações eram conscientemente monitoradas pelos vendedores de jade, como sinais de interesse e de preços potencialmente altos. Mas estes são exemplos isolados, e a maior parte do mundo continuou em seus negócios, dilatando e respondendo a dilatações, sem qualquer técnica deliberada.

Fonte: Desmond - Moris Manwatching

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